Eu acho que a comunicação entre os participantes de um projeto é o maior responsável por um bom resultado. Especialmente quando envolve um trabalho abstrato e artístico.
Como valorizo muito a transparência e honestidade nas relações de trabalho, fiz essa espécie “guia” das etapas que um projeto gráfico comigo vai passar:
1. Briefing
Para quem não sabe, briefing significa
“um conjunto de informações e instruções concisas e objetivas sobre uma missão ou tarefa a ser executada”.
O termo é usado no design para indicar as ideias e instruções do cliente para a arte que deseja encomendar. Nessa etapa, nós vamos discutir:
- Para quê será usada a arte (ex: capa de livro, figura de capítulo de livro, graphical abstract para periódico científico, figura de artigo, cartaz de divulgação de curso, site de divulgação científica, etc).
- Qual o cronograma do projeto e a data de entrega desejada* (ex: a figura será usada num artigo científico já aceito e o deadline da revista é de 60 dias). * para entrega em menos de dez dias será cobrada uma taxa de urgência, que varia de acordo com a complexidade da figura.
- Guia de estilos utilizados (ex: já existe uma identidade visual definida? No caso de ilustração, será um esquema simples ou detalhado? Com quantas cores? Com contorno ou sem?)
2. Orçamento
Meu orçamento contém informações essenciais para o projeto:
- Cronograma
- Descrição e detalhamento dos valores
- Compilado de informações sobre as instruções da imagem
Note que a data de validade do orçamento está marcada no final do documento. O cumprimento do cronograma depende de ambas as partes, e o trabalho só será iniciado depois do pagamento da entrada, dentro do prazo indicado:
3. Rascunho inicial
O rascunho será iniciado apenas mediante o comprovante de pagamento da entrada. A entrada é uma taxa de 15% do valor definido no orçamento (o valor final real pode sofrer alterações – vide item 7) e não é reembolsável.
Note que no orçamento, sempre haverá indicação da validade dos prazos estipulados no cronograma. Isso quer dizer que, eu só serei capaz de manter o cronograma estimado caso os prazos sejam respeitados por ambas as partes.
4. Alterações maiores
Quando eu envio o(s) rascunho(s) da arte, é o momento certo para discutirmos a fundo questões importantes:
- Todas as informações estão contempladas?
- A imagem está bem composta?
- Os elementos da imagem estão nos tamanhos e proporções corretas?
- Se tiver texto, ele está completo?
- As cores estão harmônicas e esteticamente agradáveis? etc.
Nessa etapa, faremos o maior esforço conjunto de entender e alterar elementos na figura, caso seja necessário. Estas conversas são a parte mais importante do projeto todo.
5. Aprovação do rascunho
Definido o rascunho, você aprova a arte para que eu arte-finalize. À partir deste momento, são permitidas apenas duas alterações mínimas na imagem. Se for necessário fazer grandes alterações depois que o rascunho é aprovado, elas serão cobradas adicionalmente* no final do projeto.
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* o valor será calculado com base nas horas adicionais utilizadas para executar estas alterações – são R$50 por hora extra (valor atualizado em 26/10/18).
6. Versão arte-finalizada
Por quê a arte-final não pode ser alterada sem ônus, já que o trabalho é digital?
Porque mesmo usando um programa para desenhar e pintar, o trabalho é manual e minucioso. Qualquer mudança que não possa ser executada com uma ação única do programa pode significar ter que refazer o desenho e pintura do zero. Uma pintura digital costuma levar em média 6h de trabalho contínuo para ser executada, e mesmo um infográfico com textos e formas simples pode levar de 3h-8h para ser organizado e executado. Retomá-los do começo terá impacto no prazo final do projeto, e pode até mesmo inviabilizar o cronograma.
7. Alterações mínimas
Considerando a explicação do item 6, quais mudanças podem ser feitas sem ônus?
Alguns exemplos:
- Conteúdo textual pontual (que não ultrapasse 5 palavras ou uma frase);
- Adicionar ou suprimir elementos gráficos que ocupem até 10% da imagem.
- Alterações na cor de algum elemento tipo autoforma (setas, caixas e quadros), desde que não afete drasticamente a composição da figura.
Resumindo, elas serão analisadas caso a caso, e negociadas de acordo — mas, se forem “mínimas”, serão feitas sem problema algum.
8. Versão definitiva para impressão
Depois de aprovar a versão final, você receberá um arquivo leve com uma marca d’água. A principal razão é que, para a troca de arquivos digitais, é muito mais fácil compartilhar arquivos comprimidos. A entrega do arquivo definitivo, em resolução total, dentro das exigências do periódico (ex: *.TIF) geralmente é condicionada à entrega do comprovante de pagamento da parcela final. Exceções são feitas apenas em caso de deadline estabelecidas pela editora.
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9. Licença de cessão de uso (opcional)
Junto ao arquivo final, pode ser enviado uma licença que cede o uso da arte para o autor ou editora. Algumas revistas solicitam a cessão total de direitos de autorais. A elaboração de um documento de licença de uso parcial (em inglês) não é cobrada, porém as cessões de direitos totais serão negociadas separadamente.
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